sábado, 27 de agosto de 2011

O furacão Irene, a mudança climática e as areias de alcatrão


A costa leste de Estados Unidos se prepara para receber o furacão Irene. O fenômeno pode chegar a Nova York, uma cidade densamente povoada que há 25 anos não é atingida por um furacão.
Enquanto a população acostumada a esses fenômenos adota medidas de segurança, convém lembrar que tais eventos climáticos são cada vez mais frequentes. Cabe também perguntar o que os dirigentes políticos estão fazendo a respeito, sobretudo agora, com a iminente aprovação de um enorme projeto de extração de petróleo em jazidas de areia de alcatrão no sul Estados Unidos.
O furacão Irene estaria relacionado ao aquecimento global e à mudança climática? O jornalista e ativista ambiental Bill McKibben, fundador do movimento 350.org, responde em  um artigo do Daily Beast:
"Normalmente, é difícil que um furacão de categoria 3 ou ainda mais forte cruze a Carolina do Norte e mantenha essa intensidade, porque as correntes de vento em diferentes direções e temperaturas aumentam e as temperaturas oceânicas se situam abaixo dos 26°C, que é o nível capaz de sustentar um furacão. Os ventos de altitude superior podem ajudar a enfraquecer a tormenta, mas não as temperaturas oceânicas: elas estão altas demais, e só no ano passado tivemos águas mais quentes do que neste ano".
Portanto, as temperaturas mais elevadas do oceano (obviamente decorrentes do aquecimento global) podem manter a intensidade do furacão e torná-lo mais úmido do que seria em águas frias, já que a evaporação é maior.
Segundo o artigo, neste ano já ocorreram mais desastres climáticos, com prejuízos de milhões de dólares, que em qualquer outro ano na história dos Estados Unidos. E outras possíveis consequências da mudança climática, como a seca e e a fome, já atingem vários países.
Embora alguns setores políticos insistam em negar os efeitos do aquecimento do planeta, a atual realidade climática é inegável.
No entanto, os governos continuam firmando acordos pífios e os Estados Unidos discutem a construção de um enorme gasoduto para transportar petróleo cru das jazidas de areia de alcatrão em Alberta, no Canadá, até refinarias do Texas.
Esse tipo de extração irá liberar a maior reservatório de CO2 do continente, gerando mais aquecimento e consequências climáticas indesejáveis, como o Irene.
Há vários dias, manifestantes protestam contra o projeto diante da Casa Branca, e mais de 300 foram presos. "O Irene será uma distração a curto prazo, mas a longo prazo, demonstra a razão dessa luta. Se o presidente não recuar, como sempre, o planeta sofrerá”, destaca McKibben.
O jornalista não é o único a relacionar o Irene a um futuro que parecia distante. NoDeSmogBlog, Chris Mooney destaca:
"Com todos os olhos voltados para o Irene, é hora de pensar seriamente nos piores cenários e em como o aquecimento global poderia amplificá-los […] o Irene nos expõe a nossa vulnerabilidade, e precisamos aproveitar esse momento, já que nossa posição muitas vezes é agir como se nada ruim fosse acontecer".
Em Crooks and Liars, Susie Madrak volta a enfatizar a falta de ação política:
"Não posso deixar de me surpreender com a desconexão nacional sobre a mudança climática. Estamos enfrentando mais tempestades, desastres climáticos extremos, e nossa infraestrutura já não pode contê-los. E o que estão discutindo nossos valentes senadores? Como podem cortar mais gastos ", afirma, referindo-se à resistência de certos conservadores em aumentar os impostos e a arrecadação.
Embora seja mais fácil e agradável pensar em temas ambientais mais leves, como intervenções urbanas ou hortas em apartamentos, esses fenômenos naturais nos ajudam a concentrar a atenção nas ameaças reais ligadas ao impacto humano no planeta. O alerta de Al Gore sobre a realidade climática não poderia chegar em um momento melhor.
Fonte Treehugger Brasil 
texto de Paula Alvarado

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