Responsável pelo derrame de milhares de litros de óleo na costa brasileira, a Chevron não consegue explicar suas causas nem estancar o vazamento.
Esta matéria foi publicada originalmente na revista Veja edição 2244 - 23/11/2011
Poucos desastres ambientais podem ser tão danosos como um vazamento de óleo no mar. Ainda assim, os acidentes se sucedem sem que se aprenda com os erros. O caso mais recente tem como palco a Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro, onde uma gigantesca nódoa se alastra a 120 quilômetros da costa desde o último dia 7. Ela emerge de uma fissura de cerca de 300 metros de comprimento no fundo do mar, junto a uma plataforma operada pela petrolífera americana Chevron, uma das maiores do mundo no setor. Até agora, o episódio está envolto em brumas tão densas como a mancha de seus mais de 200 quilômetros de extensão. Nem mesmo se sabe o tamanho do estrago. A discrepância entre o volume derramado Segundo a Chevron e o estimado pela ONG americana Sky Truth, com base em imagens de satélite da Nasa, é de 23 vezes. Se a ON G, uma das primeiras a calcular a dimensão do megavazamento de 2010 no Golfo do México, estiver certa, este é o pior incidente do gênero já ocorrido no Brasil, com 15 000 barris de petróleo lançados ao mar — 2 000 a mais do que na explosão na plataforma P-36, da Petrobras, em 2001.
Desde que admitiu o vazamento, atribuindo- o primeiro a uma falha natural e, depois, à instabilidade causada pela perfuração de um poço, a Chevron afirma que está perto de estancá-lo. Aos agentes da Polícia Federal que estiveram na plataforma, engenheiros e técnicos se disseram perdidos sobre como proceder. Até este momento, colocou-se concreto sobre o poço, mas nada se fez quanto à rachadura, que começa 130 metros adiante. Indagado sobre quando seria possível fazer a fenda parar de verter óleo, o próprio especialista em crises contratado pela petrolífera respondeu: “Ninguém sabe”. A Chevron informa ter dezoito navios trabalhando para limpar o mar. Mas, no sobrevoo oferecido pela empresa à PF, só se avistava uma embarcação. Não foram os técnicos da Chevron, e sim os da Petrobras, os primeiros a detectar a mancha — comunicada ao Ibama apenas dois dias depois. Os equipamentos usados no campo são velhos e reciclados. A empresa americana não dispunha sequer de um robô submarine capaz de monitorar a fissura a 1 200 metros de profundidade. Precisou emprestá- lo da estatal. “Os indícios que temos até agora são de uma operação cheia de falhas”, afirma o delegado Fábio Scliar, à frente do caso.
Dados do Ibama revelam que os acidentes em plataformas de petróleo no Brasil mais que triplicaram entre 2008 e 2010. O atual vazamento mostra que, tanto por parte das empresas como do próprio governo, a quem cabe o papel de fiscalizar, há ainda muito que avançar para garantir a segurança.
Pior desastre da história, o vazamento do Golfo do México (em plataforma operada pela mesma empresa contratada pela Chevron, a americana Transocean) já evidenciava quanto a indústria ainda está despreparada para lidar com os riscos. Eles se multiplicarão com o pré-sal, já que nunca se extraiu oleo em tal profundidade nem em solo tão instável. Mais do que nunca, o Brasil não deve negligenciar o alerta aceso pelo acidente da Chevron.
FONTEDesde que admitiu o vazamento, atribuindo- o primeiro a uma falha natural e, depois, à instabilidade causada pela perfuração de um poço, a Chevron afirma que está perto de estancá-lo. Aos agentes da Polícia Federal que estiveram na plataforma, engenheiros e técnicos se disseram perdidos sobre como proceder. Até este momento, colocou-se concreto sobre o poço, mas nada se fez quanto à rachadura, que começa 130 metros adiante. Indagado sobre quando seria possível fazer a fenda parar de verter óleo, o próprio especialista em crises contratado pela petrolífera respondeu: “Ninguém sabe”. A Chevron informa ter dezoito navios trabalhando para limpar o mar. Mas, no sobrevoo oferecido pela empresa à PF, só se avistava uma embarcação. Não foram os técnicos da Chevron, e sim os da Petrobras, os primeiros a detectar a mancha — comunicada ao Ibama apenas dois dias depois. Os equipamentos usados no campo são velhos e reciclados. A empresa americana não dispunha sequer de um robô submarine capaz de monitorar a fissura a 1 200 metros de profundidade. Precisou emprestá- lo da estatal. “Os indícios que temos até agora são de uma operação cheia de falhas”, afirma o delegado Fábio Scliar, à frente do caso.
Dados do Ibama revelam que os acidentes em plataformas de petróleo no Brasil mais que triplicaram entre 2008 e 2010. O atual vazamento mostra que, tanto por parte das empresas como do próprio governo, a quem cabe o papel de fiscalizar, há ainda muito que avançar para garantir a segurança.
Pior desastre da história, o vazamento do Golfo do México (em plataforma operada pela mesma empresa contratada pela Chevron, a americana Transocean) já evidenciava quanto a indústria ainda está despreparada para lidar com os riscos. Eles se multiplicarão com o pré-sal, já que nunca se extraiu oleo em tal profundidade nem em solo tão instável. Mais do que nunca, o Brasil não deve negligenciar o alerta aceso pelo acidente da Chevron.
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