Estádio da capital holandesa passa por reforma para se tornar neutro em emissões de gases estufa. Invenção brasileira vai ajudar na meta de ser "o mais sustentável do mundo".
A ambição de transformar um estádio de futebol no mais sustentável do mundo não vem do Brasil, sede da próxima Copa do Mundo. Mas tem participação brasileira: a inventora do plástico verde, Braskem, vai fornecer assentos feitos com esse material para a empresa holandesa Amsterdam Arena, responsável pelo estádio de mesmo nome.
Inicialmente serão dois mil exemplares de sugar seat, ou assento de açúcar, como foi batizado. A iniciativa holandesa prevê que, nos próximos anos, os demais 52 mil assentos sejam substituídos pela tecnologia brasileira.
Enquanto isso, nos estádios brasileiros, a movimentação pró-sustentabilidade é mais lenta. "Já há conversas iniciadas com construtores e gestores das arenas. Seria emblemático ter a cana-de-açúcar brasileira no assento da Copa do Mundo do Brasil", disse Frank Alcântara, da Braskem, à DW Brasil.
Ambição holandesa
O estádio da capital holandesa foi inaugurado em 1996 e passa por uma remodelação. "Toda a reforma é norteada por diretrizes de sustentabilidade", afirma a Amsterdam Arena. A meta é fazer do local, até 2015, um estádio neutro em emissões de gases estufa. O primeiro do mundo está na Alemanha: a casa do time de Augsburg, na Baviera, é abastecida com energia renovável e utiliza sistemas de aquecimento e resfriamento neutros em emissões de CO2.
Em Amsterdã, a lista de soluções a serem adotadas inclui o uso de energia solar, a gestão de resíduos e a reutilização de água da chuva. O plástico especial é considerado um grande aliado: estudos da fabricante indicam que, para cada tonelada de polietileno verde produzido, são capturados e fixados até 2,5 toneladas de CO2 da atmosfera.
Na busca por parceiros que pudessem ajudar nessa missão a favor do meio ambiente, os holandeses chegaram à Braskem. Depois de certificar o plástico verde em 2007, a empresa inaugurou a primeira unidade de produção do material em 2010, no Rio Grande do Sul. Em vez da fonte fóssil, a invenção brasileira usa a cana-de-açúcar como matéria-prima.
"Durante o brainstorm eles nos perguntaram se dava para fazer assentos com o plástico verde. Dissemos que iríamos estudar. Demorou um pouco, mas chegamos a uma solução", relembra Alcântara.
Matéria-prima em abundância
Apesar de o plástico verde usar uma matéria-prima renovável, o material tem o mesmo tempo de decomposição da versão comum – de 100 a 500 anos.
Fonte primária do açúcar e do etanol, a cana-de-açúcar também é a base do polietileno verde. A Braskem não vê problemas de escassez de matéria-prima. "Se comparármos a quantidade de terra agricultável que o Brasil tem e a produtividade da cana-de-açúcar brasileira, não dá nem pra pensar em crise de abastecimento. Não há competição", diz Alcântara.
A empresa brasileira, que já fornece o material para marcas como Tetra Pak, Coca-Cola e Johnson & Johnson, planeja abrir outras duas plantas de produção de plástico verde no Brasil. "E posso dizer que, se os estádios brasileiros adotarem a sugar seat, só um fornecedor não daria conta", arrisca Alcântara.
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