O necrochorume é constituído de 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas que poluem o lençol freático e são vetores de doenças. “Ele é rico em substâncias tóxicas como putrecina, cadaverina e alguns metais pesados”, explica o geólogo à reportagem da Agência Brasil. De cor amarelada e viscoso, o necrochorume, como o próprio nome sugere, é parecido com o chorume gerado dos resíduos dos aterros sanitários.
A diferença entre o aterro sanitário e o cemitério é que este último se mantém funcionando indefinidamente, o que o torna uma fonte de contaminação contínua. “Pela legislação brasileira, depois de cinco a sete anos, quando ficam só ossos, eles são removidos e colocado outro corpo no local”, afirma Walter Malagutti, do Departamento de Geologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que também estuda o assunto.
“Se o necrochorume escapa do túmulo, ele pode entrar em contato com o lençol freático, criando uma mancha de poluição que atinge quilômetros de distância a ponto de contaminar poços e rios”, explica Lezíro Marques Silva.
A principal critica do pesquisador é a má escolha dos locais para instalação de cemitérios: “O que sobra são terrenos do ponto de vista geológico inadequados, como lençol freático raso, área de várzea e morro”, diz Silva.
Segundo o geólogo, para resolver o problema é necessária uma legislação mais específica que oriente a construção de lajes de contenção e obrigue o uso de substâncias que reduzam o nível de contaminação. Uma delas foi desenvolvida pelo próprio Lezíro, durante sua pesquisa. Trata-se de uma espécie de colchão que contém um líquido que neutraliza as substâncias tóxicas e que deve ser colocado dentro da sepultura. “Tem solução, mas pouco é feito”, diz Silva.
A legislação atual que trata do licenciamento ambiental dos cemitérios é a Resolução 335 do CONAMA, de 03 de abril de 2003.
Os pesquisadores afirmam que a cremação é a solução mais adequada, embora ainda rara no país. Por outro lado, há estudos chamando a atenção para a pegada ecológica da cremação devido a emissão (significativa) de poluentes, como o cádmio, chumbo e mercúrio, além de gases do efeito estufa. Há umcálculo que estima a energia gasta para cremar um corpo humano como equivalente a que um carro típico gasta para percorrer 7,7 mil quilômetros.
*Com informações da Agência Brasil.
fonte: O ECO
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