segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Dinamarca poderia ajudar o mundo a deter as mudanças climáticas?

Se todos os países do mundo atuassem como a pequena nação escandinava da Dinamarca, poderíamos ter a oportunidade de lutar contra as mudanças climáticas. O país não só incentiva seu inovador sistema de energia renovável – a Dinamarca é o país-sede da Vestas, maior empresa de energia renovável do mundo, e planeja abrir mão do uso de combustíveis fósseis até o ano de 2050 – como também sua capital, Copenhagen, é considerada uma das mais verdes do mundo.
A economia da nação cresceu 80% desde a década de 1980, apesar dos níveis de emissões não terem aumentado. Até 2020,  Dinamarca planeja obter 42% de sua energia por geração eólica e 20% por biomassa, o que é fantástico, atté mesmo surpreendente. Mas a Dinamarca é o lar de menos de cinco milhões e meio de pessoas, o que representa menos de 0,1% da população mundial. Para que as estratégias do país em relação ao clima e à energia tenham sentido, é preciso buscar uma forma de exportá-las para o resto do planeta.
Para isso, temos de entender melhor essas estratégias. E o que vou tentar fazer nos próximos dias. Participarei de um curso intensivo sobre as medidas ligadas à climatologia no país. Farei de estudos intensivos sobre projetos eficientes de tratamentos de resíduos e entrevistas com funcionários de alto escalão do país até excursões por Copenhagen. Vou mergulhar em um mundo de ações sustentáveis. Também darei uma volta pelo Roskilde, o Festival Anual de Rock da Dinamarca, que pretende se transformar no mais verde do circuito.
A iniciativa público-privada da Dinamarca, o Consórcio do Clima, pagou pela minha passagem de avião e me deu um passe de imprensa para Roskilde, para que eu pudesse escrever coisas bonitas sobre eles. O engraçado, no entanto, é que minha opinião sobre as façanhas energéticas dos dinamarqueses já estava estava em seu ponto mais alto, e só tende a decrescer daqui para frente...
Estou brincando, é claro. Por enquanto, a Dinamarca tem feito os Estados Unidos parecerem um anacrônico queimador de óleo de baleia. Mas a implementação desse modelo ou de uma variante ainda traz muitos desafios. Isso também será levado em conta, enquanto reflito sobre a viabilidade de utilização das ideias da Dinamarca em um mundo grande e caótico. As predileções culturais também ajudam a explicar a porcentagem assombrosamente grande da população que vai ao trabalho de bicicleta, impressionantes 40% (os jornalistas do Brasil e da China que viajam comigo comentaram que isso nunca poderia acontecer em seus respectivos países, onde as bicicletas são usadas, principalmente, pelos mais pobres). E a sustentabilidade da biomassa, que está sendo intensificada pelos dinamarqueses, ainda é muito debatida.
Mas tudo isso vale a pena. A Dinamarca é constantemente classificada como um dos países mais felizes do mundo. Lady Gaga tem menos fantasias do que Copenhagen tem prêmios de “cidade mais habitável” e “mais verde” do planeta. O país é comandado por pensadores progressistas que a aproximam de uma democracia liberal ideal.
Bom, ficou bem claro. A Dinamarca é impressionante. Mas nem todo esse caráter espetacular vai valer muito se, no futuro, os historiadores olharem para trás, analisarem que o mundo está dez graus mais quente e disserem que, “Bem, as pessoas daquele país tinham razão”.
Não. Temos que verificar se é possível “Dinamarquizar” as sociedades do mundo todo. E, se não for possível, pensar no que poderia funcionar em seu lugar.
Fonte discovery Brasil

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