quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Acidificação oceânica: estudo mostra impacto sobre espécies


Pesquisadores de Stanford conseguiram vislumbrar um futuro incerto, no qual níveis crescentes de CO2 na atmosfera da Terra irão levar a níveis também mais altos no oceano – deixando a água mais ácida e alterando os ecossistemas submarinos. Eles examinaram águas perto de Ischia, na Itália, onde vazões  vulcânicas em águas incomumente rasas no chão do Mediterrâneo despejam CO2 na água, criando uma situação que pode lembrar um oceano do futuro.
Se os resultados das observações forem uma previsão do futuro, “ficaremos com um ecossistema dramaticamente diferente, que provavelmente será menos capaz de lidar com o estresse e terá menos biomassa disponível para alimentar organismos mais altos na cadeia alimentar”, disse ao Physorg Kristy Kroeker, biólogica da Estação Marinha Hopkins, da Universidade Stanford.
A estudante de doutorado vem investigando os efeitos do aquecimento global e a acidificação oceânica em ecossistemas marinhos. O significado especial do local desta pesquisa é que, diferentemente das vazões hidrotérmicas, ela verte apenas CO2, sem a fermentação quente e sulfúrica que é letal a não ser para os organismos mais altamente adaptáveis. O CO2 vaza na mesma temperatura da água circundante. Ele causa um gradiente local na química da água do mar, com mais acidez. Embora os pesquisadores tenham descoberto que várias espécies reagem diferentemente a águas mais acidificadas – alguns sofrem, alguns prosperam -, os resultados gerais não são bons para a comunidade biológica como um todo.
“Os tipos de organismos que são os vencedores neste ambiente acidificado são funcionalmente muito diferentes daqueles que não resistem”, afirmou Kroeker.
Kroeker e seus colegas examinaram comunidades invertebradas no chão do mar espalhadas por águas de acidez variada, das mais ácidas até aquelas a distâncias de 200 metros, onde a acidez da água é a mesma do ambiente do Mediterrâneo. Os grandes perdedores foram organismos com conchas feitas de carbonato de cálcio, que se dissolvem na água ácida. Lesmas, moluscos, mariscos e vieiras estavam ausentes. O mesmo aconteceu com pequenos caranguejos, ouriços do mar, camarões e espécies de lagartas que vivem em tubos de carbonato de cálcio presos às rochas. Algumas das lagartas também estavam ausentes da zona intermediária, onde a acidez era moderadamente maior que a da água ambiente.
“Se você mergulhar de snorkel neste gradiente, vai ver alguma variabilidade dentro de cada zona, mas as mudanças na constituição da comunidade ecológica são muito claras quando se passa de uma zona a outra. A mudança é óbvia dentro de um único metro”, afirmou ela. Os vencedores tendem a ser organismos muito pequenos, alguns crustáceos semelhantes aos camarões e pequenas lagartas.

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