sábado, 22 de outubro de 2011

Populações de botos-vermelhos estão em rápido declínio na Amazônia


De todas as espécies fascinantes que habitam a bacia do rio Amazonas, poucas são tão representativas e ameaçadas como os botos-vermelhos, também conhecidos como botos-cor-de-rosa. Durante décadas, eles foram dizimados por pescadores locais, que viam estes habilidosos caçadores como uma ameaça ao seu ganha-pão. A caça predatória elimina milhares de animais todos os anos. E embora exista uma campanha para salvar os botos, pesquisadores afirmam que eles continuam sendo mortos a um ritmo preocupante, com redução anual de até 10% entre algumas populações.
Segundo estudos recentes realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia(INPA), o declínio das populações de botos-vermelhos se deve ao fato de os pescadores os usarem como iscas. Especialistas calculam que quase 3.000 botos-vermelhos são mortos a cada ano, de uma população total de 30 mil animais.
Esta semana, um workshop com várias organizações de conservação da Amazônia discutirá ações para evitar a extinção desta espécie ameaçada.
" Esse golfinho endêmico da nossa região tem sido cruelmente abatido para ser usado como isca na pesca de um bagre, a piracatinga. Por isso, queremos estabelecer um processo que resulte na elaboração de ações efetivas para eliminar essa atividade cruel e insustentável na região" afirmou Vera da Silva, coordenadora de Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do INPA, em um artigo no site da instituição.
Em um relatório publicado pela Associated Press no ano passado, biólogos calcularam que a taxa de redução dos botos-vermelhos seria de 7% ao ano, e sugeriram um provável aumento da caça predatória em 2011. O artigo cita a falta de foco das agências governamentais no combate ao problema, além dos incentivos econômicos à caça ilegal.
Uma equação econômica simples aumenta a gravidade do problema: matar botos não custa nada e sua carne é valiosa. Usando a carne de uma carcaça, os pescadores conseguem apanhar até 500 quilos de piracatinga. Segundo Vera da Silva e outros pesquisadores, eles podem vender o peixe por 50 centavos o quilo, ganhando mais de mil reais por algumas noites de trabalho, praticamente o dobro do salário mínimo no Brasil.
"Muitas pessoas pobres estão vindo para esta região para matar os botos e ganhar dinheiro fácil”, alerta Antonio Miguel Migueis, pesquisador especializado em botos da Universidade Federal do Oeste do Pará desde 2005.
Fonte Treehugger Brasil

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