Compostos presentes em alimentos consumidos por populações ribeirinhas da região amazônica podem reduzir os danos causados pela exposição ao mercúrio. Experimentos realizados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP mostraram que a quercertina, a bixina e a norbixina, existentes na cebola e no urucum (colorau) e usados como condimentos, podem reduzir o estresse oxidativo e o dano genético causados pela exposição ao metal, que é altamente tóxico ao organismo.
Os testes utilizaram substâncias que já tinham atividade protetora atestada em outros trabalhos. "Foram testados a quercetina, um flavonóide presente na cebola e em frutas cítricas como o limão e a laranja, e a bixina e a norbixina, que são os principais carotenóides presentes no urucum", conta o pesquisador. "Tanto a cebola quanto o urucum, na forma de colorau, são muito usados como condimentos pela população".
Os experimentos foram conduzidos in vitro, com cultura de células de hepatoma humano (HepG2), e in vivo, com ratos Wistar. "As análises avaliaram o dano genético por meio do ensaio do cometa e alterações de parâmetros bioquímicos relacionados ao estresse oxidativo (glutationa reduzida, glutationa peroxidase, MDA e espécies reativas do oxigênio intracelulares) induzidos pela exposição ao metal", afirma Gustavo. "Em ambos os experimentos, registrou-se uma redução significativa dos danos no material genético e do restabelecimento dos parâmetros relacionados ao estado redox das células.
Proteção
De acordo com Gustavo, o estudo comprovou o efeito dos compostos isolados, ou seja, quercetina, bixina e norbixina na proteção contra a exposição ao metal. "Anteriormente, alguns trabalhos já haviam demonstrado que a cebola e o urucum na alimentação poderiam trazer efeito protetor a seres humanos."
A pesquisa teve orientação do professor Fernando Barbosa Júnior, da FCFRP, que há vários anos realiza estudos junto a populações amazônicas relacionadas com a contaminação por mercúrio. "Os resultados dos experimentos in vitro e in vivo fornecem as primeiras evidências para que se possam verificar os efeitos do flavonóide e dos carotenóides nas pessoas que vivem naquela região", diz o pesquisador.
Fonte: Agência USP
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