quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A COP17 está chegando – e as expectativas de um acordo climático não são das melhores


Em 2009, a Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que até então havia atraído uma atenção pífia da imprensa ao longo de 14 edições, foi recebida com enormes expectativas pela comunidade verde global.
Líderes de todo o mundo, incluindo presidentes de países como Estados Unidos e Brasil, participaram de uma cúpula geralmente dominada por diplomatas e negociadores, sob o olhar atento das organizações ambientalistas, que esperavam a assinatura de um acordo vinculante para a redução das emissões de carbono.
No entanto, os resultados da COP15 de Copenhague foram débeis (geraram apenas um acordo não vinculante, uma mera declaração de intenções), e a batata quente foi jogada para a COP16, em Cancun, realizada em 2010. Desta vez, em um clima menos tenso, chegou-se ao Acordo de Cancún, que representou um certo avanço, mas tampouco obteve um compromisso concreto e vinculante de redução de emissões.
Dois anos após tantas expectativas malogradas, está chegando a edição de 2011 da cúpula climática mundial: a COP17 terá lugar na cidade sul-africana de Durban, de 28 de novembro a 9 de dezembro.
O principal ponto de discussão deste ano é o Protocolo de Kyoto, cuja primeira fase vence em 2012. Este é o único acordo que obriga legalmente os países desenvolvidos a reduzir ou amenizar suas emissões de carbono, embora as metas sejam insuficientes (Kyoto estabelece uma redução de 5% em relação aos níveis de CO2 emitidos em 1990, enquanto a comunidade científica afirma que é preciso baixá-los de 80% a 90% até meados deste século).
Um dos problemas deste acordo é que os Estados Unidos nunca o ratificaram, argumentando que a China também deveria ser obrigada a reduzir suas emissões (como o gigante asiático é considerado um país em desenvolvimento, foi isento dos cortes). Em um artigo do New York Times, um representante dos Estados Unidos declarou que o país “só irá considerar um acordo que se aplique igualmente a todas as economias, que obrigue os principais países em desenvolvimento a assumir compromissos que não dependam de financiamento, e que elimine ou redefina as categorias que, há 20 anos, tratam as potências emergentes, como Índia e China, como se fossem nações africanas pobres”.
Além desse entrave, outras vozes argumentam que Kyoto só se refere ao gerenciamento das emissões depois de geradas, e não à criação de uma nova economia com baixas emissões de carbono. Entretanto, as nações em desenvolvimento insistem em manter o acordo.
Por outro lado, em Copenhague os países desenvolvidos se comprometeram a criar um Fundo Verde para financiar os processos de adaptação nos países subdesenvolvidos, e em Cancún, ratificaram a intenção de destinar recursos ao programa REDD, que promove a conservação das florestas. No entanto, os países em desenvolvimento afirmam que as nações ricas não estão cumprindo a promessa. Em um discurso recente, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, conclamou os governos dos países desenvolvidos a “encontrar formas de mobilizar os 100 bilhões de dólares em recursos acordados”.
Acontecerá algo realmente significativo em Durban? Segundo um artigo do Guardian, se o pouco interesse global não for revertido nesta COP, as negociações climáticas poderiam ocorrer em outro âmbito.
O artigo argumenta que os avanços na direção de uma economia mais sustentável estão acontecendo de forma independente e alheia ao processo da ONU, por meio da liderança de países ou de empresas privadas para os quais a via diplomática não é o único caminho.
Mesmo assim, a lentidão do processo de negociação ainda é preocupante, diante doaumento dos desastres ambientais e dos efeitos cada vez mais funestos do aquecimento global.
Quando as discussões começarem na semana que vem, veremos se a COP voltará a gerar expectativas como as que lotaram as ruas de Copenhague em 2009.
Fonte TreeHuger Brasil

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