Urbanistas projetam ciclovia para Avenida Paulista

A proposta dos profissionais, especializados em planejamento e mobilidade urbana, é de que a avenida seja reestruturada, colocando os ônibus em corredores e as bikes em uma via paralela, separada dos outros veículos. l Foto: SPTur

A Av. Paulista tem sido o alvo da maior parte das discussões recentes sobre mobilidade urbana. Um dos pontos mais questionados sobre a via, que é o símbolo do desenvolvimento brasileiro, é a estrutura, ou a falta dela, para ciclistas.

Tendo como incentivo a concentração diária de ciclistas que circulam pela região, muitos cicloativistas argumentam que é necessário criar uma ciclovia que os permitam trafegar com mais segurança pela avenida. O fato foi analisado pela empresa de pesquisa TC Urbes, responsável pela elaboração do projeto que originou a ciclorrota de Santo Amaro, zona sul de SP, e assim a Paulista ganhou um novo desenho.

A proposta dos profissionais, especializados em planejamento e mobilidade urbana, é de que a avenida seja reestruturada, colocando os ônibus em corredores e as bikes em uma via paralela, separada dos outros veículos.

Conforme demonstrado pela Folha, através de um infográfico (veja aqui), a empresa sugere que as faixas de carro tenham o tamanho reduzido, de 12,45m para 10,85m. Para os ônibus, a proposta é de que eles trafeguem pelo meio da pista, em corredores, como os que estão presentes em outras avenidas da cidade. Com essas alterações, seria possível ter um canteiro lateral, separando a pista dos carros da ciclovia, que tem 1,6 metros. Além disso, a velocidade máxima da via, que atualmente é de 60 km/h, seria reduzida para 40 km/h.

O projeto foi analisado por especialistas, divergindo opiniões. Em geral, a proposta foi bem aceita, mas alguns detalhes ainda podem ser melhorados. O especialista em engenharia de transportes Sérgio Ejzenber, por exemplo, acredita que uma ciclofaixa (marcação no chão, sem separação da via) fosse mais eficiente que uma ciclovia.

Apesar de ter sido apresentado na mídia, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que não recebeu o projeto, o que o caracteriza como um planejamento não oficial. Pelo menos, temporariamente.

A opinião dos ciclistas

Os maiores beneficiados pela ideia também divergem opiniões:

“Acho que independente da qualidade das propostas técnicas, levantar o tópico já é um começo, até então, nunca tinha visto nenhuma proposta para a paulista. Estamos começando a ser percebidos, infelizmente, por conta de mortes de ciclistas.” Anna Gadelha, 38 - trabalha com Tecnologia da Informação e é diretora.

“Eu concordo que teria que reduzir a velocidade de 60 para 40 km/h, isso já seria um grande avanço. Agora estreitar as faixas para adaptar uma ciclovia lá isso me parece mais uma gambiarra, o ideal seria tirar uma faixa dos carros e ai sim fazer dessa faixa a ciclovia, sem precisar estreitar as faixas.” Marcio Tamashiro, 34 - Técnico em Informática.

O bike-repórter André Pasqualini também aproveitou a proposta para fazer análises de cada uma das opções para bicicletas na Av. Paulista. As opiniões foram divulgadas em seu blog, "O Bicicreteiro", em um texto iniciado já com uma conclusão: "Não adianta melhorar a convivência entre ciclistas e motoristas, pois na Paulista, se nada for alterado, outras mortes irão ocorrer, isso é inevitável."

fonte: Ciclo Vivo