sexta-feira, 22 de março de 2013

O que água e saneamento podem fazer pelos países pobres



Cuidados ajudam no desenvolvimento econômico e erradicação da pobreza
Enquanto um cidadão brasileiro consome 187 litros de água por dia, um africano do Subsaara usa apenas 20 litros. Já um americano consome 350 litros. Nós somos, na verdade, feitos de água – a substância é 60% de nossos corpos, 70% de nossos cérebros e 83% de nosso sangue.
As Metas de Desenvolvimento do Milênio, da ONU, pretendem até 2015 diminuir pela metade a proporção da população sem acesso sustentável a água potável segura e saneamento básico. Entre 1990 e 2010, mais de 2 bilhões de pessoas ganharam acesso a uma fonte melhorada de água potável. No entanto, 783 milhões delas no mundo não têm este recurso. Destas, pelo menos 605 milhões deverão ficar na mesma situação até 2015.
“Nós sabemos que nem todo mundo está recebendo água segura,” diz Catarina de Albuquerque, advogada portuguesa que é a primeira relatora especial da ONU sobre os direitos à água e saneamento. “Muitas das pessoas que encontrei em minhas missões, que têm torneiras dentro de casa ou poços pertos de seus lares, recebem água contaminada por lixo, por causa da indústria, pesticidas na agricultura, etc. Assim, a realidade é ainda pior do que se imagina.”
Albuquerque e outros seis advogados de direitos humanos da ONU fazem uma advertência aos governos: eles devem ser cautelosos no uso do mercado para a distribuição de água. “Cada vez mais ela está sendo sujeita a alocação via mecanismos de mercado, com o risco de que os preços cortem o acesso dos pobres,” disse a ONU em mensagem do Dia Mundial da Água.
“É crucial assegurar a cooperação entre os usuários de água concorrentes, assegurar que os direitos humanos de todos sejam respeitados e também que os mais marginalizados e vulneráveis não sejam afetados negativamente pela alocação desigual do recurso,” segundo a declaração.
“Obviamente tem havido progresso, mas não vejo este como um dia a celebrar,” disse Albuquerque. “É mais um dia para nos forçar a pensarmos mais no que precisamos fazer.”
Ellen Johnson Sirleaf, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2011 e atual presidente da Libéria, disse recentemente em um encontro que incluía funcionários da União Européia e da ONU que a água contaminada e os problemas de saneamento significam uma carga pesada para muitos países, trazendo doenças e pobreza. Ela estima que estes custos são de U$ 260 bilhões por ano.
“Com frequência demais, o saneamento, em particular, é visto como um resultado do desenvolvimento, e não como um motivador do desenvolvimento econômico e de redução da pobreza. Coréia do Sul, Malásia e Cingapura demonstraram nos anos 1960 e 1970 o potencial de incentivar o desenvolvimento cuidando do saneamento,” afirmou ela, segundo o Euractive.
Foto: Bernard Polet/CreativeCommons
fonte:José Eduardo Mendonça , Planeta Sustentável

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