Um economista do Fundo de Defesa Ambiental (EDF, na sigla em inglês) escreveu no New York Times uma mensagem que 95% das pessoas que adotam um estilo de vida “verde” não querem ouvir: seus hábitos de consumo éticos, seus carros elétricos, sua dieta orgânica e seus esforços diligentes para reduzir o uso do ar condicionado – nada disso está deixando a mais leve marca na resolução da crise climática e de biodiversidade que arruína nosso frágil planeta. No grande esquema das coisas, é como se nada disso valesse a pena.
Mas...Primeiro, o Times:
"VOCÊ reduz, reutiliza e recicla. Você separa papel e plástico. Você evita uvas fora da estação. Está fazendo todas as coisas certas. Ótimo.
Pois saiba que isso não irá salvar o atum, proteger a floresta tropical ou deter o aquecimento global. As mudanças necessárias são tão grandes e profundas que estão além do âmbito da ação individual”
Mas ...mas...mas ...
Eu sei! Eu sei: não tenho carro. Ando de bicicleta. Tento não comprar alimentos geneticamente modificados ou peixes ameaçados. Mas o que todas essas coisas fazem ao ambiente?
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Isoladas, nada. Mas no fundo, é isso:
Fazem com que a gente se sinta bem. (Ou pelo menos fariam, se eu não fosse um cínico tão empedernido). E ao fazer com que as pessoas se sintam bem, reduzem o imperativo pessoal que levam à ação por uma mudança significativa:
Se eu já compro cenouras orgânicas e dirijo um Prius, porque deveria participar dos protestos contra a extração de petróleo? Sabe como é, já planejei um jantar para aquele dia (mas não se preocupe, é só comida vegan), e vamos combinar, dá tanto trabalho! Além disso, protestos são um porre, são tão demodê! É por isso que Zizek acredita que o capitalismo consciente é uma piada perniciosa.
A questão que o EDF coloca faz sentido, é assustadora e absolutamente incômoda: se queremos de fato deter a mudança climática, um pouco de consumo ético não é o bastante – não vai chegar nem perto. De uma forma ou de outra, precisamos reorganizar todo o nosso sistema econômico para que passe a ser do interesse de todos não emitir gases do efeito estufa, não despejar poluentes, não pescar em excesso, etc. É uma façanha quase inimaginável, mas que os jovens de hoje terão que realizar se quiserem que seus filhos cresçam em um mundo de estabilidade climática.
Precisamos de ação coletiva – isso sim! Escreva para os políticos em quem votou, organize sua comunidade local, demonstre, proteste (e sim, também continue comprando produtos locais e a fazer todas aquelas coisas). Só não podemos parar nas boas ações e intenções, isoladas e individuais.
Fonte:Treehugger Brasil
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